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      Renato Teixeira é flagrado no rastro de ‘Romaria’ em álbum com show de 1978
      Renato Teixeira é flagrado no rastro de ‘Romaria’ em álbum com show de 1978 (Foto: Reprodução)

      Ouvir a gravação ao vivo em disco, 46 anos após a apresentação em São Paulo, é constatar que o trovador caipira permaneceu fiel a si próprio. Capa do álbum ‘Ao vivo no Sesc_1978’, de Renato Teixeira Divulgação / Selo Sesc ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Ao vivo no Sesc_1978 Artista: Renato Teixeira Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ A caminho dos 80 anos, a serem festejados em maio de 2025, Renato Teixeira é flagrado no rastro da explosão de Romaria – canção de fé e raiz caipira apresentada em 1977 em gravação de Elis Regina (1945 – 1982) – em álbum ao vivo que chega ao mundo na sexta-feira, 29 de novembro, dentro da série Relicário, criada pelo Selo Sesc para lançar discos com áudios inéditos de shows feitos nas unidades paulistanas da instituição. Editado três semanas após Destinos, segundo álbum gravado pelo artista paulista com Fagner, o disco Ao vivo no Sesc_1978 alinha 10 músicas cantadas pelo trovador paulista – nascido em Santos (SP) e criado em Taubaté (SP) dos 14 anos 24 anos – com o toque de músicos como o percussionista Papete (1947 – 2016) e Oswaldinho do Acordeom. Captado no show apresentado em 1978, no Teatro Pixinguinha do então Sesc Vila Nova (atual Sesc Consolação), o álbum ao vivo oferece boa amostra do cancioneiro de Renato Teixeira até então. No roteiro do show, o trovador paulista apresenta músicas autorais então inéditas, como Sina de violeiro, que somente seria lançada em disco em 1979 em gravações do autor e do cantor Sérgio Reis. Outra novidade do roteiro é Amora, que seria lançada por Teixeira no álbum homônimo de 1979. No show, Amora ganha o sabor rural do acordeom de Oswaldinho em número que totaliza mais de nove minutos porque, antes de dar voz à bela canção, Teixeira apresenta os músicos da banda no tempo sereno que caracteriza o som deste compositor revelado em 1967 – com a apresentação da música Dadá Maria em festival, nas vozes de Gal Costa (1945 – 2022) e Silvio César – e projetado somente dez anos depois com a gravação de Romaria por Elis no álbum de 1977 em que a cantora também lançou Sentimental eu fico. A partir do estouro de Romaria, música que ficaria eternizada no altar da memória afetiva nacional, a carreira fonográfica do artista – então paralisada desde 1973, ano em que Teixeira lançou o obscuro álbum Paisagem – ganhou impulso. O show do Sesc Vila Nova fazia parte da turnê de lançamento do álbum intitulado Romaria e lançado pelo cantor naquele ano de 1978. Do repertório desse disco, o artista rebobina a própria Romaria (em registro emotivo, mas nunca piegas), Sentimental eu fico, Antes que aconteça (1978) – bela canção que captava o clima sombrio do Brasil nos anos 1970 e que, além do registro do autor, ganhou expressiva gravação feita pela cantora Marília Barbosa para o álbum Filme nacional (1978) – e Viola malvada (1978), música pautada pelo choro da viola. Embora a (satisfatória) qualidade técnica da gravação ao vivo esbarre nos limites tecnológicos do tempo em que foi feita, o álbum Ao vivo no Sesc_1978 oferece painel substancioso do suprassumo da obra inicial de compositor hábil na feitura de som folk de raiz interiorana com refinado toque caipira do som do chamado Brasil profundo. É nesse Brasil rural que Renato pescou Canta moçada (Alcides Felisbino De Souza, Cesar Durval Sampaio e João Salvador Perez, o Tonico da dupla com Tinoco). Música lançada em 1960 pela dupla Tonico & Tinoco, Canta moçada ganharia regravação de Renato Teixeira no álbum Amora (1979). É por isso que ela faz parte do roteiro do show de 1978 ora lançado em disco pelo Selo Sesc. Compositor que nunca ficou preso às glórias do passado (os dois discos com Fagner, ambos com letras feitas pelo poeta do Brasil caipira para melodias do parceiro, é exemplo da criação contínua do trovador), Renato Teixeira se aproxima dos 80 anos com cancioneiro extremamente coerente e moldado sem a mínima concessão ao mercado. Ouvir o álbum Ao vivo no Sesc_1978, 46 anos após o show é que deu origem ao disco, é constatar que o trovador permaneceu fiel a si próprio.