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      ♫ OPINIÃO ♪ O documentário sobre Belo justifica o sucesso que tem feito desde que estreou no Globoplay em 28 de novembro. Produção original da plataform

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      ♫ OPINIÃO ♪ O documentário sobre Belo justifica o sucesso que tem feito desde que estreou no Globoplay em 28 de novembro. Produção original da plataform...

      Luzes e sombras de Belo se alternam em documentário sobre o cantor que fez escola no pagode dos anos 1990
      Luzes e sombras de Belo se alternam em documentário sobre o cantor que fez escola no pagode dos anos 1990 (Foto: Reprodução)

      ♫ OPINIÃO ♪ O documentário sobre Belo justifica o sucesso que tem feito desde que estreou no Globoplay em 28 de novembro. Produção original da plataforma, em parceria com a produtora AfroReggae Audiovisual, a série documental Belo – Perto demais da luz prende a atenção ao longo de quatro episódios. O maior mérito do documentário é perfilar Belo com toda a complexidade que envolve a trajetória e a alma do artista e do cidadão Marcelo Pires Vieira. Belo é incensado com toda razão como um dos grandes cantores do Brasil. Um cantor que, diga-se, fundou uma escola de canto no pagode quando foi projetado nacionalmente como vocalista do grupo Soweto ao longo dos anos 1990. Belo é referência para pagodeiros que vieram no embalo do estouro da geração paulista revelada na década de 1990. Uma geração que, ela própria, foi um norte para toda uma juventude negra e periférica nascida na grande São Paulo (SP). Belo veio ao mundo nessa cidade em 1974. Hoje com 50 anos, ele lutou muito antes de alcançar a fama. Quando o sucesso bateu à porta, o Marcelo se iludiu com a fama avassaladora conquistada por Belo. O apego às armas e a aproximação com as pessoas erradas levaram Belo para as páginas policiais dos jornais. Dessas páginas, ele saltou para a cadeia duas vezes, em junho de 2002 e em novembro de 2004, mês em que foi condenado por suposto envolvimento com tráfico de drogas, ficando preso até 2007. Com produção de José Junior, direção artística de Jorge Espírito Santo e roteiro de Gustavo Gomes, a série documental não absolve Belo, mas tampouco o condena, procurando somente mostrar e comentar o que aconteceu na vida do Marcelo e na carreira do Belo, ainda que nem sempre fique claro se quem está em cena é um ou outro. Os fatos são narrados e cabe ao espectador dar o veredito a partir dos depoimentos colhidos para o doc. Mas fatos são fatos. E um fato inquestionável é que Belo se reergueu. Muitos artistas na história da música brasileira foram do céu ao inferno. Mas nenhum voltou do inferno para o olimpo como Belo, um cantor de multidões, como a turnê comemorativa dos 30 anos do Soweto comprovou neste ano de 2024. O show da turnê percorreu o Brasil desde abril com concorridas apresentações em grandes espaços em que Belo foi ovacionado, tratado como rei, pelo público de súditos. Aliás, números do show costuram os roteiros dos quatro episódios, legitimando os elogios à voz e ao carisma do cantor. A luz do artista é posta em foco, mas as sombras também entram na narrativa que aborda questões como racismo, vaidades no meio artístico e deslumbramento com o sucesso, esse senhor tão ardiloso. E é isso que torna o documentário tão especial e cativante. Os depoimentos de cantores, delegados, advogados, diretores de gravadoras, chefes de polícia, ex-mulheres e jornalistas sobre Belo se afinam ao apontar um artista e um cidadão de várias camadas. Somente Marcelo Pires Vieira talvez consiga decifrar o enigma que se tornou Belo. Contudo, o documentário Belo – Perto demais da luz ilumina esse rico personagem e ajuda a compreender os caminhos que levaram Belo a transitar entre o céu e inferno com luz própria.