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      Vitor Ramil te pega pela palavra poética de Paulo Leminski em ‘Mantra concreto’, álbum com raro requinte instrumental
      Vitor Ramil te pega pela palavra poética de Paulo Leminski em ‘Mantra concreto’, álbum com raro requinte instrumental (Foto: Reprodução)

      Vitor Ramil lança o álbum 'Mantra concreto' com 13 músicas compostas a partir de poemas de Paulo Leminski (1944 – 1989) Marcelo Soares / Divulgação Capa do álbum ‘Mantra concreto’, de Vitor Ramil Arte de Felipe Taborda ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Mantra concreto Artista: Vitor Ramil Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♪ “Paulo Leminski, o lírico que associa o esquecimento e a chuva no telhado à felicidade, é também o cachorro louco que faz chover no nosso piquenique”. Inventiva, a caracterização do poeta e escritor curitibano surge nas palavras escritas pelo gaúcho Vitor Ramil para o texto em que apresenta o 13º álbum do artista de Pelotas (RS), Mantra concreto, lançado em 10 de outubro em edição digital e também já disponível no formato físico de CD. Neste disco, Ramil apresenta 13 músicas feitas pelo compositor a partir de poemas de Paulo Leminski Filho (24 de agosto de 1944 – 7 de junho de 1989) em tributo que coincide com o 80º aniversário do escritor. Alguns poemas nem tinham título e foram batizados pelo próprio Ramil, caso do poema que gerou a canção-título Mantra concreto. Neste disco, Vitor Ramil (voz e violões) pega o ouvinte pela palavra poética de Leminski em faixas gravadas com requinte instrumental e com os toques dos músicos Alexandre Fonseca (bateria, tablas, percussão e programação) e Edu Martins (synth bass). O trio assina a produção musical do álbum gravado por Lauro Maia, mixado por Moogie Canazio e masterizado de André Dias. Há músicas, casos de Palavra minha e de Um bom poema, em que a melodia ombreia os versos do poeta, cuja voz é ouvida na fala embutida na faixa de abertura De repente. No geral, a força da poesia se ergue sobre a música, como em Minifesto, faixa valorizada pelo toque da guitarra do ás Toninho Horta, um dos músicos convidados por Ramil para o disco. Contudo, há sutilezas ao longo do álbum, seja o falsete ambicionado por Ramil no canto de Administério, seja o toque da kalimba de Santiago Vasquez, responsável pela atmosfera de acalanto que envolve Será quase. Ou ainda os trombones de José Milton Vieira, arranjados pelo violinista Vagner Cunha em O velho Leon e Natália em Coyoacán. Tudo está no devido lugar. Inclusive a capa do disco. Criada pelo designer Felipe Taborda, a capa do álbum Mantra concreto cita o cartaz mais conhecido da obra produzida por Alexander Rodchenko (1891 – 1956) e Vladimir Maiakovski.(1893 – 1930) na pioneiro agência de publicidade aberta pelos artistas nos anos 1920. Lançado em 1925, o famoso cartaz está reproduzido no encarte da edição em CD do álbum. “Para a capa, desejei algo que remetesse ao construtivismo e ao cubo futurismo russos e também à cultura pop”, conceitua Ramil. O cuidado com a capa se estende à arquitetura instrumental do álbum Mantra concreto. “Do som agudo mais sideral e cristalino descemos aos tremores de terra mais cavernosos, capazes de modular a voz e tudo mais que estivesse em volta; da regularidade horizontal e geométrica dos violões, volta e meia descambamos para acentos verticais em tempos aleatórios; a limpeza mais limpa e a podreira mais podre trocaram figurinhas; música das galáxias, gotas de absinto, uma viola caipira lisérgica, uma máquina de escrever que substitui uma bateria, o ataque de um besouro-sintetizador gigante, o voo de famintos violinos-mosquitos, um violão de nylon fantasma. No meio de tudo, a voz flutuando como um holograma. Acho que levamos Paulo Leminski a seu destino”, conclui Vitor Ramil no texto em que apresenta o álbum Mantra concreto. De fato, a poesia de Lemisnki ficou no lugar certo neste disco coerente com a trajetória fonográfica de Vitor Ramil. Vitor Ramil assina a produção musical do álbum ‘Mantra concreto’ com Alexandre Fonseca e Edu Martins Marcelo Soares / Divulgação